10 de abr. de 2011

Queridos leitores, domingo já havíamos combinado, é o dia do Dolce Far Niente, não abrirei o jornal, e sim : “...meu coração vagabundo...” Até porque, ontem, foi um dia inteiro mais do que especial; e não só para mim, mas também para as “testemunhas oculares e auriculares” de uma noite perfeita... É uma pena que a perfeição costuma chegar sempre perto do fim de alguma coisa, seja de um relacionamento, fim da vida ou uma peça de teatro. Hahahahahha...
Quando está quase tudo perfeito e maravilhoso, acaba a temporada e/ou o circo vai embora da cidade... Mas uns seguem o coração e até fogem junto com a magia do circo para onde ele for mambembar... Palhaços do Senado a parte, Kadafis e atiradores de balas de “Bullyng”, que queimam ou queimarão no mármore do inferno islâmico; que têm sempre o perdão dos anjos inocentes que perdoam a cegueira do véu da ignorância, insanidade mental ou tirania. Se os palhaços eleitos por nós não trabalham hoje, eu sim... Pois, tenho que decorar texto, ensaiar às 16hs e  escrever algumas coisas encomendadas, como outros tantos que trabalham em um domingo que eu já citei na coluna de domingo passado, se não me falha a memória...hahahahaha.
Chocados com texto encomendado? Sabiam que a ópera Aída de quatro atos e musicada por Giuseppe Verdi foi também encomendada? E apenas para a inauguração do canal de Suez, ou inúmeros artistas que por cachê, couvert, ou fogueira da inquisição, tinham que trabalhar pintando maravilhosos quadros a exemplo de Leonardo, Donatello, Rafael, e outras tartarugas ninjas artistas, que se viram nos trinta de um retrospectivo e fantástico domingo legal como esse. Céu da Côte d'Azur e temperatura de Tremembé. Senhores não vou me estender, e sim me espreguiçar e antes de colocar o texto e as fotos prometidas na noite emocionante no Spelunka Bar que fechará suas portas no próximo sábado 30 de abril, e que farei de tudo, para estar novamente neste enterro com mulata sambando encima da tampa do caixão e de fita amarela deste meu eterno amigo; deixarei apenas o que os astros revelam para nós aquarianos e já ofereço desde já aquele cafezinho no capricho.
Aquário: Plutão continua pedindo aprofundamento em sua vida emocional, especialmente em questões que envolvam seu passado. Caso sinta alguma confusão, procure ajuda de um profissional, pois os conteúdos inconscientes estão vindo à tona. ( hahahahahahahaha gente a astóloga ta indicando terapeuta pra gente... Vai pra lá  Insônia Abrãao, e ainda coloca a culpa em Plutão, é mole? Se bem que... Ela não está errada não, depois da noite de ontem, se contar que o domingo começa depois das 00:01hs, o texto abaixo tem tudo a ver com o que a astróloga escreveu. Aí vai:)
   Enterro do Espelunka
Texto: Romulo Crescente – abril de 2011
Música de fundo: Bruno de La Rosa

Meus queridos amigos, minhas queridas amigas, meus queridos irmãos e camaradas. Não quero me estender nestas palavras póstumas em homenagem ao nosso amigo Spelunka que está partindo desta para uma melhor, e que com certeza vai levar junto dele, muitas boas lembranças como aconteceu com o “beco das garrafas” no Rio de Janeiro ou a galerinha do clube da esquina,
Esse aqui, levará para a eternidade lembranças como, os acordes dos artistas que por este palco passaram, pisaram, ensinaram, cantaram, tocaram e levaram no peito, suor e garganta sempre emocionando os nossos corações dispostos a uma deliciosa noite de sábado esquecer nossos problemas, facilitando na corda bamba da emoção e de um violão; entre uma fossa causada por um ex-amor, ou a alegria de estar com o verdadeiro amor, ou a solidão de estar entre amigos... Que com os vapores etílicos e misturados com o som que alegravam nossas almas com seus violões embriagadores, violinos sonhadores, triângulos folclóricos, “cajones flamencos”, percussão indefectível, objetos improvisados que reproduziam seja em um saco de papel, saleiro e caixas de fósforos o som relaxante. Sem citar as, canjas esplendorosas, flautas doce e ao mesmo tempo adocicada, como esse instrumento involuntário que temos cá dentro do peito, e que fez, faz e fará os nossos pais chorarem ao ouvir a nossa primeira batucada; vinda dessa maquininha através de um ultra-som, (nossa primeira gravação em estúdio)... E ainda não levam muito a sério, que um artista não nasce, e sim, estréia.
Esse coraçãozinho que bate acelerado e que serve de força motriz para nós que somos apaixonados pela arte de arte de viver e de sonhar.
Sei, que existem muitas “espeluncas” por aí a fora, assim como existem muitas paixões também; que prometem na maioria das vezes, as mesmas coisas, só que com diferentes preços, energias, perfumes, amigos e bem estar causados...
O amor verdadeiro é esse aqui! O Espelunka. E a exemplo de um amor da nossa vida real, é aquele que deixa saudade, esta palavra lusófona de apenas sete letras, mas que o mundo que não fala português, não consegue exprimir o seu significado como fazemos nas músicas e na carne de quem sente,
Só quem ama de verdade, é capaz de sentir “saudade” dolorida, que se assemelha a uma viuvez, e que não tem prazo de validade esse remédio chamado tempo. Este inexorável que pode apenas amenizar uma dor de perder um amor que é “O Espelunka”, e que parece que está até sorrindo, pois descansou.
Não porque sofria de uma doença, simplesmente como os médicos falam em sua rotina: “o paciente parou”, isso pela rotina do bisturi que salva e da mão que massageia desesperadamente aquele mesmo músculo involuntário que de lágrimas de alegria de um ultra-som, viram lágrimas de tristeza nos olhos de amigos, cônjuges, netos, amantes e parentes...
Eu me lembro como se fosse hoje, o dia que eu pisei aqui pela primeira vez.  A sensação que eu tive, foi a mesma de saber que finalmente sua tribo foi encontrada, ou quando você está com aquela vontade de comer uma comida diferente, mas não sabe muito bem quem é, digo, o que é...
Meus queridos amigos, eu ofereço este brinde ao estimado, eterno e insubstituível Spelunka, que com certeza marcou história na vida de muitos amores aqui nascidos ou rompidos, negócios fechados, propostas feitas, (indecentes ou honestas), abraços apertados, gargalhadas com amigos novos e os da antiga, aniversários mil, discussões homéricas, cantadas fracassadas e outras bem sucedidas, e tudo isso, sempre a meia luz e discretamente. Reconciliações, reencontros, desencontros e tantas outras coisas só o Fred, Cleide, Thâmara e Família de sangue azul testemunharam.
isso sem contar os porres astronômicos, passamos pela lei antitabagista e mesmo assim continuamos firmes e fortes nos matando lá do lado de fora a cada bailar da fumaça mortífera e que no Spelunka vira poesia... Ressacas deliciosas e rouquidão no dia seguinte de tanto cantar, chegando às vezes a fecharmos o estabelecimento junto de nossos familiares.
Descansa Espelunka, e que todos os seus amigos lá de cima como os que estavam em cada estrofe das músicas ou ilustrados nos quadros em forma de LP na parede da memória.
Vai com Deus meu amigo, e, por favor, de onde você estiver... Eu peço que faça com que aqui em São Vicente, algum lugar chegue pelo menos aos teus pés, e que um dia eu possa passar aqui na frente, bem velho com a minha família, ou sozinho mesmo, e dar aquele suspiro gostoso de nostalgia e dizer: “...aqui, eu fui muito feliz...” (Brinde e Bruno toca: “Solamente Una Vez”.)   





  

Nenhum comentário:

Postar um comentário