23 de fev. de 2012

Feliz ano novo!!! Depois do desenho "Rio" ter ido embora das avenidas espalhadas pelo Brasil a dentro, parabéns à Tijuca e ao trabalho de Paulo Barros, mesmo com fichas rasgadas em São Paulo e tudo mais eu digo: "Pedi pra parar!!!" Agora vamos produzir, quem ganhou ganhou, e quem saiu perdendo foi o maior show da terra com a pandemia da da mídia no exterior que além de bater o queixo de frio e com cada vez menos "Fahrenheit" nos bolsos, ainda tem que ver, mais uma vez, que o país sede da Copa e Olimpíadas está assim, preparado para receber de braços abertos o turista.

Ontem ao ver a cena na televisão sobre o cara que saltou a grade e como um ninja fazendo o que o mundo já sabe, eu disse: " - Olha lá mãe que absurdo." E ela disse boquiaberta. " - Olha o tamanho desse homem, que lindo, parece até um ex-BBB..." Eu chocado com a opinião dela pensei que no reino de bandalha que vivemos, não duvido nada que depois da prisão e dos crimes cometidos, Tiago Faria seja convidado para posar para revistas, faça pontas em minisséries ou até protagonize algum musical nos palcos da Broadway da pauliceia desvairada. Se bem que "Les Misérables" já saiu de cartaz faz tempo.

Chegando em casa cansado de tostar que nem uma iguana na praia, recebi um telefonema de meu irmão de 12 anos que pediu que eu lhe desse uma ajuda, pois ele tinha que entregar uma redação sobre teatro e como estou ator, acho que exagerei um pouco na minha digamos... Mãozinha, o mais interessante foi que eu achei bacana o que eu escrevi e decidi postar aqui para não se perder essa entrevista em forma de aula inicial para quem quer saber sobre essa arte que não terá fim.

É trem desgovernado em "Mi Buenos Aires Querido", Oscar vem aí junto com a Mega-Sena que acumulou em R$ 22 milhões...

Vai um cafezinho?

A IMPORTÂNCIA DO TEATRO  PARA O DESENVOLVIMENTO CULTURAL E SOCIAL. 

O teatro desde seu princípio na Grécia antiga que atualmente vive uma verdadeira tragédia econômica nasce com os rituais ao Deus Dionísio que para os gregos daquele tempo era o Deus das artes e do vinho, ou seja, foi nas festas dionisíacas que tudo começou, até que Téspis, decidiu sair do coro e gritar para quem quisesse ouvir no teatro de Epidauro: "Eu sou Dionísio" nascendo o primeiro ator. Mas na China há relatos de manifestações teatrais voltadas aos rituais, na cobiçada Índia também e pela Polinésia e Japão sabemos do teatro Nô e Kabuki e até no antigo Egito dos Faraós e Reis atribui-se o nascimento da maquiagem e adereços como perucas que hieroglifos não deixam mentir. 

Mas, os resquícios desses rituais foram sendo adaptados ou roubados pelo Império Romano, o nome de Dionísio mudou para Baco, depois veio o Cristianismo, logo a deturpação da Idade Média, que para os artistas é considerada como a fase do obscurantismo, onde quem falasse a palavra "teatro", era queimado vivo na fogueira da inquisição do Anno Domini. Porém, depois com o renascimento ou renascença, tudo começou a voltar a ser feito e montado, e o lúdico do teatro fosse ele mambembe ou pantomimas, ocupou seu lugar que na verdade nunca foi tirado, apenas disfarçado como a arte do gramelot, pois peças, poemas, músicas medievais e até mesmo pinturas, continham mensagens subliminares se opondo à opressão da Santa Madre Igreja. 

Depois, com as navegações e os avanços de século em século, as histórias da liturgia e dos mártires Católicos foram-nos trazidas aqui no Brasil em forma de peças teatrais para os nativos pelo Jesuíta natural de Tenerife nas Ilhas Canárias, Espanha que além de desenhar na areia, contava sobre os santos em tupi, espanhol e português sendo o nosso "pai do teatro" e que não está tão distante assim de nós, foi na Praia dos Pescadores, onde localiza-se uma pequena elevação chamada púlpito de Anchieta, hoje ocupado por residências, mas tradicionalmente tem sua imagem ligada à figura dele, pois conta-se que o beato ali subia para apaziguar e catequizar os indígenas tupiniquins que habitavam a região compreendida entre o Japuí (hoje, São Vicente) e a região de Itariri. Será que vem daí o termo "programa de índio"?

Foi quando o teatro se espalhou como a peste negra em toda a Europa e novos mundos, e com as revoluções industriais, guerras mundiais até chegarmos às ditaduras militares, outro obscurantismo na arte dos países que sofreram com a censura e falta de liberdade de expressão mundo a fora, contribuíram para o nascimento de nomes até hoje citados e respeitados desde Shakespeare, Camões, Cervantes, Molière, Gil Vicente, Brecht, Grotowski, Stanislavsky, Lorca, Artaud, Tchécov e os autores desconhecidos italianos, mestres da arte do improviso que começaram a criar seus estilos como a ímpar commedia dell'arte, onde as personagens são encontradas até hoje em desenhos como "O Chaves" que passa em uma emissora brasileira há muito tempo, pois a fórmula é simples, e dá margem para situações múltiplas como o Arlechino, os Enamorados, a Ragonda, o Briguela, o Dotore, o Pantaleone e tantos Kikos, Senhor Barriga, Chiquinhas, Seu Madruga, Dona Florinda e Professor Girafales e outros que estão vivos, mesmo sabendo que a grande maioria já faleceu. Seja no palco, no anteparo de um teatro de bonecos ou de sombras que a arte se renova. 

No Brasil não se pode falar de teatro sem falar de Nelson Rodrigues, que mesmo conhecido como "O Anjo Pornográfico", não há em nenhuma de suas obras uma palavra sequer de baixo calão, apenas um retrato de "A Vida Como Ela É", nome de sua coluna no jornal "Última Hora", depois o polonês Ziembinski nos trouxe a luz correta da velha Europa, Gianfrancesco Guarnieri escrevia e grupos de repertório e de revista foram sendo montados como as vedetes como Dercy Gonçalves e tantas outras depois o TBC, Teatro de Arena, Teatro Oficina, EAD até o cobiçado Tablado no Rio de Janeiro berço de talentos criados por Maria Clara Machado que malham ou não. Depois a efervecência da criatividade de Chico Buarque de Holanda, Suassuna, João Cabral de Melo Neto, atores como Procópio Ferreira e sua filha Bibi, diretores como Antônio Abujamra, Zé Celso Martinez Correa, Antunes Filho e Críticos como Bárbara Heliodora fizeram juz às máscaras da tragédia e da comédia passando pelo besteirol. Mas antes, tudo era muito simples, pois o teatro era em forma de coro, e servia como uma forma de doutrinar as pessoas que assistiam falando sempre do divino e os Deuses do Olimpo lá na distante Grécia. 

Mas... Será que é tão distante assim? Será que os jornais que escrevem sobre a realidade de pais jogando filhos pela janela não seriam consideradas verdadeiras tragédias sem precisar de Eurípedes, Sófocles ou Ésquilo? E as novelas? Retratam o dia a dia ou é apenas mera semelhança? O teatro existe e existirá para fazer pensar, para filosofar, para refletir, gerar catarse, ensinar, para incluir, para tirar da rua quem quer ser vilão de verdade e trazer para o palco do possível para morte de mentirinha. Aliás, interpretar em diversos idiomas como o inglês, francês e italiano significam também brincar e jogar: "To Play", "Jouez", "Giocare"... 

Mas a verdade, é que o teatro é para todos os que se chocam com um mendigo jogado no chão, ou seja, é para poucos. Se acreditarmos tanto na mentira que contamos a ponto do público achar que é verdade é teatro! Em um palco de teatro tudo é possível, até dizer não sei. A única certeza é que ele forma pessoas dignas, honestas, sensíveis, capazes de transformar a sua e a vida de quem o aplaude na corda bamba da emoção. Onde uma pessoa pode ser todas as vidas em uma só e como ela é feita de sonhos, é no palco que realizamos seja por dinheiro ou paixão por saber que de uma plateia de sete mil pessoas, apenas dez deixaram o caminho das drogas ou outro que o levaria para o mundo Datena da vida real. Agora estamos na geração musicais da Broadway dos Estados Unidos. Como julgar? Como agradar a todos? Como dizer que é bom ou ruim. Mas sendo manifestação artística que fazem a gente economizar de irmos até Nova Iorque e pagar absurdos pelas entradas e ainda ser em outro idioma, logo ali em São Paulo estão fazendo igualzinho e em português. 

Teatro gera emprego, ajuda empresas na isenção de impostos e forma profissionais e até exporta talentos indo da portuguesa mais brasileira que Hollywood já filmou Carmen Miranda a Rodrigo Santoro. Evoé!

Significado de Evoé:

interj. Expressa entusiasmo, exaltação, intensa alegria.
S.m. Brado de evocação a Baco: eram evoés e brindes a ecoar em todo o recinto.

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