15 de set. de 2012


Ai ai. Sabadão, céu "encapotado"... Ah! Não liguem para o sotaque na escrita, é que ontem fomos eu e minha linda namorada que é atriz e que fica literalmente a ver navios para realizar seu sonho de brilhar debaixo dos spotes e que me orgulha a cada dia de saber que faço parte deste roteiro escrito pelo Melhor dos Autores de todos os tempos do de A a Zinco e de A a Ω.


Mas justificando o sotaque, fomos "echar un vistazo en el MIRADA no SESC de Santos com a montagem do grupo Teatro Cinema de Chile chamada "Gemelos".



Olha, a única coisa que eu e ela temos a dizer, é que cultura é cultura e ponto, deve ser respeitada e o teatro que alguns países fazem têm esse cunho de "ir ao teatro", nós brasileiros temos nosso ritmo que o samba faz questão de vender para o mundo nossa rapidez de raciocínio para o humor, nosso time para o palco e nossa magia para os sambódromos. Mas voltando ao país de Isabel Allende, Violeta Parra, Pablo Neruda, Victor Jara, Gabriela Mistral, Allende, Bachelet, Pinochet, Piñera e tantos outros, o grupo de ontem à noite foi simplesmente maravilhoso, eu que já nem gosto de ouvir esse idioma... 


Amei o cenário, a calma deles em nos contar uma história escrita por um autor sem a pressa daqui e dos Estados Unidos onde achamos que tudo que é longo é chato e que "time is money" viajamos com a sutileza da trilha sonora, o trabalho corporal dos atores, das técnicas de voz onde uma menina virava uma avó que virava uma mãe, a sintonia do texto falado com a legenda sincronizadíssima sem cacos ou improvisos, o figurino e um anteparo com seres humanos ao invés de títeres fez de minha noite plena, sem necessidade de algo mais como atualmente e infelizmente nosso teatro é. A ante-sala da pizza, do motel, do barzinho e otras cositas más. Tirando Zé Celso com suas peças de 4, 5 e até 8 horas de duração, que eu jamais recriminarei, por serem persuasivas ao ponto de prender nossa atenção todo esse tempo,diferente de um discurso de 5 minutos que parece não ter fim de tão chulo.


O teatro foi é e sempre será questionador, agradar mais de 400 pessoas é impossível, Cristo que o diga e eram bem mais que isso "assistindo" seu sofrimento.



A quem diga que Santiago e Buenos Aires são praticamente São Paulo que de diferente falam espanhol, eu como fui duas vezes e quero voltar muito mais do que isso, digo que tudo depende do estado de espírito, grau de cultura, vontade de ter essa cultura, estar aberto à magia de tentar o desconhecido, se abrir para a arte e ter algo que está quase em desuso que se chama paciência tanto para ir a uma igreja, quanto para ver uma simples peça de 110 minutinhos.




Sei que amei, dou meus parabéns aos idealizadores desse projeto e resumindo: Por R$ 10,00? Pára heim! Aqui a gente assiste tanta merda (desejo de boa sorte no teatro) por R$ 50,00...


Gosto é que nem o ânus, cada um tem o seu e eu respeito, mas que leigos e invejosos que são incapazes de fazer o mesmo, (criativamente falando), só têm uma coisa a dizer do que viram ontem. Longo! E mais nada. Já aqui além de longo falam muito mais como proposta, barriga, luz descabida, trilha alta, textos cortados, figurinos beirando o carnavalesco, adaptação para justificar o pagamento do autor que escreveu a obra, som ao vivo para não pagar o ECAD e fora a tal da desconstrução de clássicos para querer ser moderninho colocando um Hamlet de calça jeans! Lembrando aos meus queridos e irmãos da classe artística que para mim são sem ironia semi deuses por militar em uma terra onde tudo vai contra e atrapalha a arte, que esta é a MINHA crítica mas que sou apaixonado por teatro e se não sou bom ator, sou bom espectador e para quem já me esqueceu. Aquele abraço!

Ps.: Quem me acha mal ator relaxa, não exerço mais. Mas que fiz muito mais coisa do que muito secretario e ministro da cultura isso eu garanto sem titubear! Evoé!

Ps2.: Quem achar que não sou bairrista e que amo só o que é hispânico, esqueçam e tirem o preconceito da cuca, o que eu vimos apresentado pelo famoso grupo mineiro Galpão "limpou a bunda" com tudo que já vi de tão bom e detalhe: "echo en Brasil" só com Shakespeare por trás e bem lá trás. Bárbara Heliodora que me perdoa, mas no caso do Galpão, o bardo, não passou de uma muletinha, ou melhor dizendo perna de pau e toda nossa versatilidade para transformar algo verborrágico e mau traduzido em arte!

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